segunda-feira, 25 de junho de 2012

ARGUMENTOS MAIS QUE SUFICIENTES


Passando os olhos pela actualidade desportiva e por algumas antevisões do Portugal – Espanha, apercebo-me que a opinião acerca desta meia final se divide ou por uma tourada das antigas imposta pelos espanhois, ou por um SUPER CRISTIANO capaz de vencer a Espanha “sózinho”.

Se antes de partirmos para a antevisão do Portugal – Espanha formos pragmáticos a analisar o jogo anterior das duas equipas, chegamos a vários pontos de referência no que, ao ponto de vista organizativo diz respeito.

1 -Portugal não é “demolidor” a assumir o jogo, é suficientemente vertical mas não tem timing de execução, os três homens de meio campo são todos jogadores de cobertura e não de progressão, raramente procuram combinações que terminem em acções verticais e tem dificuldade em ser paciente em posse de bola, acabando por procurar os corredores laterais com muita pressa, nãodando tempo aos laterais para verticalmente se inserirem no processo.

2- A Espanha é no seu estado puro, uma equipa de posse de bola, concretizando com sucesso todos os pontos acima descritos, ao ponto de, a meu ver, ser escandalosa a opção por Fabregas em vez de Torres (filosofia de jogo levada ao exagero). Contudo, e contra a França foi possível observar que apesar do duplo pivot defensivo (Alonso-Busquet), os espanhóis são apanhados em contra pé com relativa facilidade apesar do bom posicionamento destes dois elementos.

3-A meu ver, os Espanhóis“transpiram” um ego enorme, sustentado por um campeonato Europeu e um Mundial, sustentado por um Barcelona magnífico mas que, contudo,não tem a capacidade de outrora. Alberloa é lento e Alba é jovem e inexperiente (zonas de exploração fácil), a posse de bola é arriscada na primeira zona de construção (especialmente nas inter-relações dos 4 defesas e dos dois pivots),e por vezes o seu jogo é tão obsessivo pela procura de espaços com o famoso TIKI TACA que parecem querer entrar pela baliza dentro sem ninguém procurar a meia distancia. E claro, não posso deixar de acrescentar a ausência de David Villa.

4-Portugal é, quanto amim, uma equipa com imenso potencial a explorar a transição defesa-ataque (momento da recuperação da bola). Não só o faz bem porque tem jogadores capazes de desequilibrar nos corredores laterais em situações de 1x1, como o faz bem por princípio com Meireles e Moutinho fantásticos no timing e execução e com Ronaldo e Nani nas faixas, mais a inserção dos laterais, especialmente Coentrão que aparece nos espaços como um “cavalo”.

A Missão de Portugal está a milhas de ser impossível, mas é díficil, principalmente se a abordagem Portuguesa for desadequada, caindo como os Franceses num esperar constante e a revelar uma passividade defensiva enorme, ocupando somente os espaços e nunca atacando o portador da bola. Ou por uma abordagem de posse de bola a encarar o jogo olhos nos olhos dos Espanhóis onde certamente não teremos argumentos para conservar a bola nem para aguentar um jogo de grande desgaste psicológico que é o de ver jogar o adversário.

Hugo Almeida para mim não é uma alternativa, pior ainda num jogo destes, digo-o pela sua disconecção do processo defensivo (pouca agressividade) e pela sua pouca mobilidade em processo ofensivo. Se os Espanhóis consideram que Ronaldo é o unico capaz de disturbar, melhor ainda, temos de os fazer conhecer Nani, que está mesmo ali ao lado.

A equipa espanhola é relativamente baixa, as bolas paradas (livres e cantos, como o quiserem chamar...), são um momento em que temos de mostrar confiança (porque temos jogadores altos e agressivos) e organização (exponenciando as suas capacidades), já o fizemos neste Europeu e nem os "gigantes" Alemães aguentaram.

Enfim, não penso que seja só Ronaldo a via para o sucesso, acredito que uma boa abordagem dos momentos do jogo é importante e,fundamentalmente entender que a dimensão psicológica tem uma importância enorme no alto rendimento desportivo, ser passivo contra os espanhóisfar-nos-á ter mais receio, e dar-lhes-á imensa confiança a fazer aquilo que fazem bem (posse de bola rápida e a poucos toques). Abordar o jogo do modo errado irá induzir a uma luta desigual onde somos nós que “lutamos em minoria”.

Um bem haja e resta-me só acrescentar o mítico, CARREGA PORTUGALLLLL!!!

5 comentários:

  1. Boa análise. Tenho certeza que Portugal pode fazer um bom jogo contra a Espanha. Força Portugal!!!

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  2. Não vai ser facil. Como é referido no primeiro ponto a equipa tem alguns defeitos. Mas acredito.

    P.S: Boa análise!

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  3. Penso que temos de fazer valer o nosso jogo pelas alas e não pensar em ter muita bola. Sabemos que os espanhóis gostam e sabem jogar em posse de bola, pelo que teremos de aproveitar as saídas rápidas pelas alas, onde a meu ver, tem o elo mais fraco, diria mesmo fraquissimo, é Arbeloa. Como falaste e bem, os lances de bola parada tem de ser muito bem aproveitado pelas nossas "torres", contudo Piqué e Ramos também são fortes nesse tipo de lances.
    Eu apostaria na frente de ataque Ronaldo-Nelson-Nani. Nelson pela mobilidade e pela posse de bola que consegue ter.

    A ver vamos e na quarta feira rumo à vitória.

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  4. Acho que este jogo encaixa muito no estilo de Hugo Viana. Tem mais qualidade de passe que o Meireles. E para jogar em transições rápidas e lançamentos em profundidade ele é o mais capaz.

    A ver vamos como corre amanhã. Mas eu acredito!

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  5. Confesso que não entendo, o porquê do Viana não ter jogado ainda... Já nos jogos anteriores ouve momentos em que teria feito a diferença. Contudo, quem somos nós para falar, quem lá está saberá o porquê.

    Com Nelson Oliveira, parece teimosia, mas admiro o Paulo Bento nesta opção. O Postiga parece que está ali por favor, contudo, ninguém melhor que o Paulo, para o lançar no timing certo. Não é correcto, apesar da qualidade iminente, lança-lo às feras e exigir alta performance. Devagar... vai entrando, apostas sustentadas resultam em sucessos duradouros.

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